É isso mesmo, eu assisti “Alice no país das maravilhas” depois dos 30 anos e em um dos momentos mais intensos da minha ansiedade.E posso te falar? Talvez se eu tivesse assistido quando era mais jovem, eu não teria tido todo o aprendizado que eu tive. Eu terminei o filme e queria gritar para o mundo assistir também.
É verdade que eu já tinha lido frases e escutado que o filme trazia vários ensinamentos, mas não sei por qual motivo eu nunca tinha parado para assisti-lo. Até que um dia, me deu a louca e lá fui eu… A questão é que a cada cena, era uma porrada no meu estômago. Era exatamente o que eu precisava ouvir.
Não vou dar spoiler, vai que tem alguém aí aos 30 que ainda não viu também, mas vou contar tudo o que abriu minha mente. Quem viu vai entender, e quem ainda não viu, assim que assistir vai saber do que estou falando.
Desde muito pequena, eu queria ser o “padrão”, a menina que não sai da linha e de quem todo mundo da família pode se orgulhar. Tracei toda a minha vida com uns 12 anos, e quando eu tinha vontades que me levariam para outros caminhos, as deixei passar. Marquei um ponto e fui para ele, sem olhar para os lados. E aí vem Alice, jovem, que viu um personagem que ninguém via, só ela. O que ela fez? Seguiu. Deixou tudo para trás para seguir aquilo que ela acreditava. Foi aí que me dei conta de que é isso: ir atrás e confiar no que você vê. Os seus olhos e seu coração são só seus. Você enxerga com os olhos dos outros? Pois é, ninguém vê através do seus.
Ainda falando sobre minha vida, houve um tempo em que eu fiquei meio perdida, não entendia muito bem quem eu era, porque cada pessoa da minha vida me ditava o que eu PRECISAVA ser ou fazer. No trabalho eu precisava ser “x”, como filha eu precisava ser “y”, na família eu precisava ser do outro jeito, no namoro eu precisava ser diferente. P-r-e-c-i-s-a-r foi o verbo que mais teve ação na minha vida. Eu fiquei tão cansada, tão exausta e não entendia de onde vinha tamanho desânimo. Foi quando brotou a Alice, que mesmo quando os demais personagens achavam que ela não era a Alice de verdade, não provou nada, só continuou agindo do seu próprio jeito, se ela não fosse a pessoa que eles queriam, estaria tudo certo… . Ela não deixou que eles decidissem se ela era ideal para eles ou não. Ela só foi Alice e pronto.
E para fechar, deixei por último o momento que mais me tocou e que me fez derramar algumas lágrimas. Ah, quantas vezes eu achei que não era capaz de realizar algo só porque alguém um dia me disse isso. Ouvi, tentei mudar, e a ansiedade em buscar ser aceita simplesmente me fez chegar em uma depressão. Quando eu dei o meu mais tenebroso tombo, quando eu tropecei no meu poço, aquelas pessoas que ditavam o meu “precisar”, viraram as costas. Mas aí, Alice encontrou a Rainha Branca, que disse algo mais ou menos assim: “Não viva a vida só para agradar os outros. A escolha tem que ser sua, pois quando você for enfrentar aquela criatura, terá que ir sozinha”.
É, a Alice se misturou a mim, e mesmo que eu ainda tenha em minha vida aqueles amigos que sabem que eu sou de verdade, somente eu sou capaz de matar aquela criatura que aperta o meu peito. E olha que isso acontece horas sim, horas não.
Por isso, se você, meu amigo virtual, me permitir te dizer algo: Seja você a sua verdadeira Alice.
Por Joyce Conde
@joyce_conde
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