Soa bem clichê, né? Mas é a verdade. Eu sempre fui aquela pessoa 100% sedentária e com zero aptidão física. Para se ter uma noção, eu ofegava até para subir as escadas de casa — e olha que são apenas uns 15 degraus — ou pra ir na esquina comprar um pão. Na infância, eu sempre era a pior na educação física. A última a ser escolhida pros times, o “peso morto” que ninguém queria carregar. Nunca consegui marcar um gol no futebol, um saque no vôlei, uma cesta no basquete. Eu era sempre a pior da turma nas competições de corrida e NUNCA consegui aprender a me equilibrar numa bicicleta. Em resumo… eu cresci odiando qualquer exercício ou atividade física.
Mas sempre amei ver alguém fazendo pole dance. Sempre achei bonito e nunca vi como uma coisa “promíscua”. Em 2016, aparentemente o universo “conspirou ao meu favor” e eu finalmente criei coragem pra começar o pole.
Lógico que eu precisei de um “empurrãozinho”… Uma amiga muito próxima (ela se chama Joyce, conhecem?) começou a fazer e compartilhar comigo como estava sendo a experiência. Ela me convenceu a ir em uma aula experimental na cidade dela num sábado de manhã (e olha que eu AMO dormir até mais tarde no sábado).
Não preciso nem dizer que eu não consegui fazer nada, né? Eu tinha a graça e leveza de uma pedra, rs Passei uma hora praticamente falhando miseravelmente e babando nas colegas que arrasavam nas barras ao meu lado. Mesmo com a minha performance lastimável, no final da aula eu senti algo tão bom, uma sensação tão gostosa que eu mal consigo explicar… parecia que mesmo cansada e dolorida e suada e tudo mais eu estava… em paz!
E com essa sensação eu finalmente parei de “namorar” o estúdio no qual eu passava na frente todos os dias indo pra universidade e criei coragem pra marcar outra aula experimental. Se engana se acha que da segunda vez eu fui melhor… eu consegui ser tão péssima quanto. Eu escorregava, caia, não tinha força nenhuma! Mas decidi começar a ir uma vez por semana.
No primeiro mês parecia que toda semana um caminhão me atropelava. Falando a verdade, no primeiro ano inteiro eu ficava assim… destruída. Morta. Dolorida. Sem contar a coleção de hematomas que eu cultivo até hoje. E sabe o que é mais louco? Eu aprendi a ter ORGULHO dos meus hematomas. Eles viraram minhas cicatrizes de batalha. A prova de que a caminhada é longa e a luta é constante.
Falando em luta… Algo que tive certeza ao começar o pole é que a mulher não tem um minuto de paz. Nem quando é para nos exercitarmos, estamos livres de julgamento. Eu imaginava que fosse ouvir um comentário ou outro nada ver, mas nunca do quanto ouvi. Nos últimos quatro anos eu colecionei situações bem desconfortáveis envolvendo a opinião alheia sobre o meu exercício. De cantadas de caras “sem noção” a comentários (vindos de outras mulheres, o que é pior) de que eu “deveria aproveitar e fazer isso enquanto eu não arrumasse um marido, pois quando eu tivesse um, ele provavelmente não DEIXARIA eu continuar”.
Confesso que isso gerou muito conflito em mim. Ao chegar num lugar novo, sempre ficava insegura toda vez que era perguntada se eu fazia academia ou qualquer atividade física. E todas as vezes eu escolhi falar a verdade. Pois justamente eu demorei 21 anos para achar algo que me fizesse bem, que me desse gás. Pra que esconder? Pra que me dobrar? Por respeito? Eu mereço respeito em tudo o que eu faço.
Para concluir: Eu aprendi e aprendo muito com o pole. A me amar, a ver que eu consigo superar os meus próprios limites. Que eu mereço ser feliz e sem encanar com julgamentos. Que, com o perdão do palavrão (mãe, esse momento é pra você), eu sou FODA. E que eu não fui feita pra ser igual a todo mundo.
Por Gabriela Morilia
@gmorilia
Sensacional, me senti meio que representado, mas no meu caso é com a Yoga
Eu também nunca me dei bem com esportes, fiz natação por muito tempo por causa da coluna (mas fazia por obrigação). E eu acho lindo as posições da yoga, as inversões, a força abdominal e a respiração, concentração. E nesse ano de 2020 eu comecei a fazer, e estou amando. Uma das minha metas era conseguir encostar a mão no pé, e consegui em 4 meses de aulas, fiquei tão feliz por essa conquista.
E quando falo para alguém que faço yoga como atividade física, muitas pessoas falam algo que isso é só de mulher, ou ficam tentando minimizar a atividade, ou até pq eu não faço uma “luta” que é mais “bonito” de se fazer tipo “coisa de homem”…
E de verdade eu taco o FODA-SE para essa turma que faz essas comparações, ou mando elas irem tomar no rabo, que também da super certo.
Obrigado pela postagem =D
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Eiii, Fabio, que bom conhecer da sua história e fico mais feliz ainda em saber que você se encontrou em uma atividade física e resolveu se entregar, independente do que os outros falam ou pensam. Afinal, a atividade física é um meio de nos cuidarmos e isso precisa ser com muito carinho. Desejo que você possa seguir na Yoga por muitos anos… continue compartilhando suas experiências conosco!!!
Forte Abraço, Joyce…
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Minha amiga é FODA, sim senhor! O pole dance também mudou minha vida de tantas formas. É desafiador e apaixonante. E eu ainda tive a sorte de fazer uma pole friend já na minha aula experimental (ela se chama Gabriela, conhecem? Hahahaha) Amei o seu relato, Gabi. É lindo demais ver a sua evolução! E vamos para o nosso quinto ano de pole (and counting)!
Beijo,
Brenda
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