Não, essa não é uma conversa sobre o meu gosto musical, nem para te convencer que Sandy e Junior é legal. Essa é uma conversa sobre se preocupar com o que os outros pensam e deixar de viver o que você gosta.
Vou contar uma pequena história (embora dê para escrever um livro com tantas memórias). Quando eu tinha uns dez anos, Sandy e Junior estavam no auge da carreira e, claro, como qualquer criança na época, eu também fiquei encantada por eles. Eu gostava tanto, que até fui cover da Sandy por um tempo.
Depois de um tempo, as crianças daquela época viraram adolescentes e começaram a curtir outros tipos de música, tudo dentro da normalidade. Mas eu ainda era muito fã de Sandy e Junior e continuei acompanhando o trabalho deles. A questão é, quase sempre eu ouvia um “aff, você gosta de Sandy e Junior?”, “Nossa, eu nunca gostei”, “Por que você gosta de Sandy e Junior? Eu não gosto…”.
Foi então que eu comecei a me sentir envergonhada de falar sobre o que eu gostava. Achei que eu estava com problemas para amadurecer e parei totalmente de ouvir Sandy e Junior. Joguei fora todas as reportagens e fotos que eu tinha. Escondi os CDs (sim, CDs). Mudei meu cabelo. Não queria nem saber dos novos trabalhos da dupla.
O que aconteceu? Nada, eu segui a vida. Mas depois de 12 anos, vocês sabem… Sandy e Junior resolveram fazer a famosa turnê de 30 anos de carreira e adivinhem só… bingo. Sabe aquelas pessoas que falavam mal do meu gosto musical? Pois bem, passaram a noite na fila para comprar ingressos do show da dupla que “eles nunca gostaram”. Compartilharam fotos no show com faixinha na testa e tudo (enfim, a hipocrisia). E eu? Não fui.
Eu deixei de ir no show da turnê de 30 anos e em todos os outros para poder ser aceita em um grupo tão incoerente. Um grupo que gritou “turu turu”, mas que quando “turu turu” foi lançado, eles riam da minha cara porque eu sabia a letra da música inteira.
Então, meus amigos, eu repito, essa não é uma conversa sobre meu gosto musical, mas sobre ter deixado de fazer coisas que eu gostava para me encaixar em um universo que não era meu. Mas foi bom, porque hoje, quando o “turu turu bate aqui dentro”, eu sei que é exatamente onde eu devo estar. E se alguém me disser “nossa, mas você gosta disso”, eu apenas sorrio, porque só eu sei o que acontece nas minhas “quatro estações”, em todas elas eu me aceito e me permito ser exatamente quem eu sou, com um passado “imortal” e “inesquecível”.
Por Joyce Conde
@joyce_conde
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